Melatonina realmente ajuda a dormir?

Pessoas que possuem dificuldade para dormir estão utilizando a suplementação de hormônio como tratamento. Mas será que ele funciona?

Por Vitória Martinez Em 22/03/2023 6h:30 Última Atualização 21/03/2023 20h:52

Em 2022, uma pesquisa feita com 2084 pessoas nos Estados Unidos mostrou que apenas 41% dos americanos conseguem ter uma noite de sono boa ou muito boa. Isso é um número baixo, mas explica claramente os outros resultados encontrados no estudo.

Dentre os participantes, a maioria respondeu que chegou a passar por algum problema de sono em pelo menos uma vez no ano. Ou seja, foram 91% dos entrevistados relatando dificuldades para dormir em algum momento de 2022.

Essa preocupação leva muitas pessoas a recorrerem a medicamentos, que auxiliam no processo de sono. Uma parte delas tem dado preferência a suplementos dietéticos, por serem mais naturais e, de certa forma, menos prejudiciais para a saúde.

O que é melatonina e como ela atua no corpo

Um desses suplementos mais consumidos nos Estados Unidos é a melatonina. Essa substância já é produzida em nosso organismo naturalmente, em forma de hormônio pela glândula pineal, mas pode ser adquirida de forma manipulada, para dar uma forcinha ao sono.

Geralmente, esse hormônio é liberado quando escurece, que é quando o corpo entende que já está na hora de se preparar para dormir. Mas a rotina mais pesada do dia a dia e a troca de horário que muitos precisam fazer por conta do trabalho podem confundir essa liberação.

Um hábito comum que atrapalha a produção de melatonina é o uso do celular antes de dormir, já que a luz branca presente nele confunde o cérebro, que acredita ainda ser dia. Isso tem causado problema em muitas pessoas, que acabam recorrendo à suplementação.

Para se ter uma noção, um estudo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, feito no ano passado, mostrou que a venda de melatonina cresceu muito nos últimos anos nos Estados Unidos, passando de US$ 285 milhões, em 2016, para US$ 821 milhões em 2020.

Infelizmente, muitas pessoas estão jogando seu dinheiro fora com esse tipo de suplementação, já que são poucos os casos em que ela produz um resultado positivo com seu uso. Tanto é verdade, que a Academia Americana de Medicina do Sono desaconselha que os médicos receitem a melatonina para tratamentos de insônia.

Eficiência da melatonina

Um estudo feito em 2013 mostrou que os resultados da melatonina no organismo não são fortes o suficiente para que ela seja considerada um tratamento eficaz. Isso, porque quem utilizou a suplementação conseguiu adormecer em média 7 minutos antes de quem utilizou um placebo.

Apesar disso, cerca de 5% a 10% da população que sofre com problemas de sono pode se beneficiar com o uso da melatonina. De acordo com especialistas, idosos acima de 70 anos e crianças parecem reagir melhor à suplementação.

Isso acontece devido à produção menor do hormônio nessas idades, mas é preciso consultar um especialista para avaliar a real necessidade desse tipo de consumo.

Efeitos colaterais

Apesar de leve, a utilização do suplemento pode causar efeitos colaterais e, por isso, o seu consumo precisa de recomendação médica; principalmente para o uso em crianças, já que não se sabe ainda se ele pode causar algum tipo de problema no desenvolvimento.

Entre os efeitos colaterais mais comuns identificados em usuários de melatonina, há a sonolência aumentada no dia seguinte ao consumo. Muitas vezes, isso é associado a um benefício baixo na noite de sono, acabando não compensando o seu uso.

Outro grupo que pode se beneficiar dessa suplementação são aqueles que possuem distúrbios circadianos, comuns em pessoas com cegueira, porque não conseguem identificar a mudança do dia para a noite.

Além delas, pessoas que trabalham à noite e precisam dormir durante o dia podem ter um auxílio ao suplementarem o hormônio na hora em que forem dormir, quando o organismo não costuma produzi-lo.

O que você precisa saber antes de pensar em utilizar a melatonina

A dose recomendada para utilização desse tipo de suplementação é de 0,2 a 0,5 mg, tornando-se prejudiciais doses diárias acima de 10 mg. Além da dose, é preciso estar atento à segurança do suplemento, sempre dando preferência a laboratórios de confiança e com verificação de controle de qualidade.

Embora não necessite de receita médica para compra, é de extrema importância a procura de um profissional para começar seu uso, pois ele pode gerar conflitos com outros medicamentos, principalmente com os indicados para regular a pressão arterial.

Outra coisa que é importante você saber é que não se pode utilizar a suplementação de melatonina por muito tempo: ela deve ser limitada a três meses de uso. Além disso, utilizar esse tipo de suplementação deve gerar uma atenção redobrada com a direção, evitando dirigir na manhã seguinte ao consumo.

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